Roteiro para a prova do dia 18 de novembro
Identificar os motivos do declínio do império romano
Explicar a ascensão e triunfo do cristianismo no império romano
Explicar o fim do Império Romano do Ocidente
Descrever o feudalismo
Descrever o regime senhorial
Descrever a sociedade estamental do Ocidente medieval
Caracterizar o Império Carolíngio e o reinado de Carlos Magno
Explicar o Tratado de Verdun e suas consequências
Descrever a segunda invasão bárbara dos séculos IX-X
Descrever o renascimento comercial e urbano da Baixa Idade Média
Explicar a Reconquista Cristã da Península Ibérica
Explicar as Cruzadas no Oriente Médio
Descrever a Crise do Ocidente medieval nos séculos XIV-XV
Explicar a Guerra dos Cem Anos
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
terça-feira, 10 de setembro de 2013
47 - Roteiro de Estudo
ROTEIRO DE ESTUDO PARA A PROVA DO 1 ANO
HISTÓRIA GERAL - Cássio
Descrever as origens e
características da civilização helenística
Reconhecer o conceito original de república
Caracterizar a
república romana em seus aspectos políticos
Descrever a sociedade
romana republicana
Descrever o clientelismo
Explicar os conflitos
entre patrícios e plebeus, destacando seus resultados
Compreender os
sentidos político e territorial de império
Reconhecer as Guerras
Púnicas e sua importância
Explicar o movimento social
dos Irmãos Graco
Descrever a política
de pão e circo
Explicar as guerras
civis
Reconhecer a Revolta
de Spartacus
Descrever os governos
de César e de Otávio, destacando suas semelhanças e diferenças
HISTÓRIA DO BRASIL - Paulo
Economia e sociedade
na época do açúcar
Administração colonial
União Ibérica
Domínio holandês
Entradas e Bandeiras
FONTES DE ESTUDO
Esquemas no caderno
Livro 1 pág. 55-74
(Cássio) e Livro 2 pág. 18-22, 34-35 e 45-49 (Paulo)
domingo, 14 de julho de 2013
46 - As Jornadas de Junho (Parte IX)
Pessoal ,
segue um texto do jornalista Clovis Rossi, publicado na Folha de S. Paulo (14 de julho), sobre as manifestações de junho.
Revolucionários ou burgueses?
Dois
acadêmicos estrangeiros, de posições contrapostas, chegam a conclusões
igualmente contrapostas --mas, curiosamente, ambas verossímeis-- a propósito
dos protestos no Brasil (e no mundo). O que não significa que sejam
verdadeiras, já que paira um imenso ponto de interrogação sobre as
manifestações.
Refiro-me
a artigos do esloveno Slavoj Zizek,
popstar da filosofia, para a "London Review of Books", e do cientista
político Francis Fukuyama, famoso
por ter decretado "o fim da história" com o triunfo definitivo do
capitalismo e da democracia liberal, este para o "Wall Street
Journal".
Para Zizek, os protestos são
anticapitalistas. "São todos reações a facetas diferentes da globalização
capitalista. A tendência geral do capitalismo global de hoje é no sentido de um
expansão ainda maior do império do mercado, combinada com o progressivo
fechamento do espaço público, a redução dos serviços (saúde, educação, cultura)
e uma gestão sempre mais autoritária do poder político", escreve.
Não é
difícil, de fato, ler os protestos no Brasil com essa lente. Pediram melhores
serviços públicos, entre eles os de saúde e educação, e uma reforma política
que desse aos mortais comuns um papel de maior protagonismo ante um poder
político fechado em si mesmo.
Resta
saber se são protestos contra o capitalismo como sistema, como crê o esloveno,
ou contra abusos que podem ser remediados sem jogar o sistema em si no lixo.
De todo
modo, é igualmente aceitável a conclusão de Zizek de que as manifestações são
uma "tomada de consciência de que a forma atual da democracia
representativa não é suficiente para combater os excessos do capitalismo e,
portanto, a democracia deve ser reinventada".
Não
deixaria de ser uma revolução.
Fukuyama não
vê revolução, mas "fermentos":
"O
elemento em comum nas recentes desordens na Turquia e no Brasil, como também na
Primavera Árabe de 2011 e nos contínuos protestos na China, é a ascensão de uma
nova classe média global. Onde quer que se tenha afirmado, essa classe média
provocou fermentos políticos, mas quase nunca tem sido capaz de determinar por
si só mudanças duradouras".
O
cientista político duvida que seja diferente agora.
Ao
contrário de Zizek, Fukuyama não vê anticapitalismo, mas o seu oposto no perfil
dos manifestantes:
"Grande
número de estudos conduzidos em vários países, entre os quais algumas pesquisas
do Centro Pew e dados da Pesquisa Mundial sobre Valores da Universidade de
Michigan, demonstram que pessoas com nível de instrução mais alto atribuem
maior valor à democracia, à liberdade individual e à tolerância com estilos de
vida diferentes."
Ou, posto
de outra forma, os manifestantes seriam "burgueses que reclamam não só
segurança para a própria família, mas também liberdade de escolha e mais
oportunidades".
No fundo,
é aquela velha história de que tudo depende da cor das lentes com as quais se
olha algum fenômeno.
Clovis Rossi em http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2013/07/1310915-revolucionarios-ou-burgueses.shtml
sexta-feira, 12 de julho de 2013
45 - As Jornadas de Junho (Parte VIII)
Pessoal, seguem trechos de
um texto do jornalista Reinaldo Azevedo sobre
o Dia Nacional de Lutas – uma fracassada tentativa de paralização do país
organizada por vários sindicatos de trabalhadores e partidos políticos, que
reivindicaram, entre outras coisas, a redução da jornada de trabalho e o fim do
fator previdenciário (aplicado no cálculo para o recebimento da aposentadoria
integral, estimulando o trabalhador a adiá-la). Como outros analistas, ele faz
uma comparação entre a manifestação de ontem (dia 11 de julho) e os protestos
de junho. Destaquei em negrito as partes que considerei mais interessantes.
Micou de maneira retumbante
o tal Dia Nacional de Lutas. A CUT, a Força Sindical, outras centrais e os
partidos políticos de esquerda foram malsucedidos na tentativa de pegar carona
da onda de protestos que sacudiu o país. Houve, sim, muita atrapalhação nas
estradas, ocupação em porto, escaramuças, dificuldades aqui e ali, mas nada nem
remotamente parecido com os protestos havidos no mês passado.
O que significa o micão
desta quinta, em contraste com aquele milhão e meio de dias atrás? Significa
que reivindicar o inexequível é bem mais gostoso, o que nos remete a um dos
lemas de Maio de 1968, na França: “Seja realista, peça o impossível”. O evento
também expõe uma das forças e, ao mesmo tempo, das maiores fragilidades da “onda
de protestos” no Brasil: a composição social de quem vai ou foi às ruas. O
primeiro passo para responder de forma eficiente à realidade é admiti-la: os pobres, com raras exceções, preferiram,
até agora, ficar em casa.
Lastimo é que a pobreza de
liderança política no Brasil se reflita também nos sindicatos e que estejamos
sem o fio que possa desatar o nó.
Cobrar redução da jornada e
fim do fator previdenciário, olhem que coisa!, parece apequenar o movimento e a
razão por que se vai às ruas; é, como diriam os adolescentes hoje em dia (de
maneira irritante), “tipo assim” coisa de pobre, de um pragmatismo incompatível
com o sonho e com as evocações românticas. Os
“sonháticos” querem um outro mundo possível… Não! Na verdade, pretendem um
outro mundo… impossível. Nele, não só os políticos não roubam como, a rigor,
não há políticos nem política.
Líderes que efetivamente representam grupos e com os
quais se podem fazer acordos mobilizam meia dúzia de gatos-pingados; não
líderes – e que, portanto, não lideram, mas alçados pela imprensa à
condição de estrelas da não representação – conseguem criar eventos que
reúnem alguns milhares.
Há quem se deixe cair de
encantos por um paradoxo cuja graça, havendo alguma, é não mais do que literária
– e literatura meio velha, da década de 60: a “juventude” que está nas ruas tem força, mas não sabe o que quer, e
os que sabem o que querem já não têm força. Mas onde está a virtude desse
troço? Se isso produzir algo, tenho minhas dúvidas, será, no máximo, um
impasse. Para o qual ninguém tem resposta.
Texto completo em http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/geracao-facebook-diz-nao-a-forca-sindical-a-cut-e-aos-partidos-politicos-e-dia-nacional-de-lutas-vira-um-grande-mico-falha-tentativa-dos-aparelhos-de-ganhar-as-r/
terça-feira, 9 de julho de 2013
44 - O Brasil espionado
Algumas observações sobre o caso da espionagem americana
no Brasil, revelada no jornal O Globo no dia 7 de julho:
Eliane Cantanhêde1
Todo o mundo bisbilhota todo o mundo e todos os países
(que podem, claro) espionam todos os países (que interessam, claro). A única
coisa que não pode(ria) é ser flagrado bisbilhotando e espionando. Aí, vira uma
confusão, com os espionados encenando indignação e os espiões fingindo enorme
constrangimento.
Jânio de Freitas2
Vamos
fingir que nos sentimos surpresos e indignados. Vamos à ONU com um protesto
contra a espionagem com que o governo dos Estados Unidos invadiu mensagens
eletrônicas no Brasil. Vamos cobrar do governo americano explicações sobre a
central de espionagem instalada em Brasília pelo combinado CIA-NSA. Faz parte
da boa educação cívica mostrar-se surpreso e indignado.
Reinaldo Azevedo3
Os EUA monitoram quem liga pra quem — que se saiba, nesse caso, não se
conhece o conteúdo — mundo afora, especialmente no Ocidente? Que bom!!! Alguém
tem de fazer isso. Antes eles do que a China; antes eles do que a Rússia; antes
eles do que alguma central do terror. Dia desses, assistindo a uma reportagem
de TV, a moça, com aquele ar indignado a que a ignorância sempre confere
convicção, observou que, a despeito de tanto monitoramento, o serviço secreto
americano não conseguiu impedir o atentado terrorista de Boston. É uma
raciocínio estúpido. A eficiência de um monitoramento não se mede pelos
atentados que ocorrem, mas por aqueles que não ocorrem. E parte do serviço de
segurança consiste justamente em omitir essas informações para não gerar pânico
e garantir a segurança de algumas operações. Mesmo assim, alguns casos
vieram a público. Já se impediu um facínora, por exemplo, que levava um dispositivo
explosivo no salto do sapato, de explodir um avião. Quantos ataques o
monitoramento já evitou no país que teve o 11 de Setembro e mundo afora?
Ninguém jamais saberá. As autoridades brasileiras estão tomadas de pruridos
nacionalistas; falam em violação da soberania nacional… É. Nada como um
escorregão dos grandes para que os pequenos fiquem cheios de razão. É claro que
há aí um exagero, e os EUA tentam se explicar. É evidente que o Brasil tem de fazer cobranças e tal,
mas é bem possível que o grande número se supostas ocorrências em nosso país se
deva ao fato de que essa é uma área de trânsito de dados.
1. http://www1.folha.uol.com.br/colunas/elianecantanhede/2013/07/1308351-indignacao-com-prazo-marcado.shtml
2. http://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/2013/07/1308284-espiados-e-indignados.shtml
3. http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/prontofalei-se-ninguem-quer-entao-falo-caso-snowden-esta-sendo-superestimado-e-jornalista-que-denuncia-complo-exercita-teorias-conspiratorias-e-faz-quando-menos-juizos-delinqu/
segunda-feira, 8 de julho de 2013
43 - As Jornadas de Junho (Parte VII)
Pessoal, segue uma
excelente entrevista com o sociólogo italiano Paolo
Gerbaudo sobre as manifestações no Brasil e em outros países. A
entrevista foi feita por Bernardo Mello Franco e saiu no jornal Folha de S. Paulo em 8 de julho.
Desde que a Primavera Árabe estourou, em 2011, o
sociólogo e jornalista italiano Paolo Gerbaudo viaja o mundo para estudar
protestos que tomaram as ruas de grandes cidades da África, da Europa e dos
Estados Unidos.
Professor da universidade britânica King's
College, ele se tornou um dos principais pesquisadores da onda de manifestações
organizadas nas redes sociais, que chegou ao Brasil com força em junho.
No livro "Tweets
and the streets" (Pluto, 2012; sem tradução em português), Gerbaudo
aponta semelhanças entre movimentos de diferentes países como o Occupy Wall
Street, nos EUA, e os indignados, na Espanha.
Convidado a falar sobre o caso brasileiro,
Gerbaudo diz que os manifestantes cobram um novo tipo de democracia, com mais
transparência e participação popular, e que os partidos que não souberem se
renovar podem caminhar para a extinção.
Ele critica a resposta da presidente Dilma
Rousseff às bandeiras do movimento e prevê que os protestos, que esfriaram nos
últimos dias, voltarão em "novas ondas e novas formas". Leia a seguir
alguns trechos da entrevista:
Folha - O sr. estudou manifestações
impulsionadas pelas redes sociais em países como Egito, Espanha e Turquia. O
que elas têm em comum com os protestos no Brasil?
Paolo Gerbaudo -
Da Primavera Árabe ao Occupy Wall Street, os ativistas se definem como
integrantes de movimentos de praças. Eles veem praças e ruas como pontos de
encontro da sociedade para protestar contra as instituições. O caso brasileiro
é mais complexo, porque envolveu várias cidades, mas também houve a ocupação de
lugares que simbolizam a nação, como o Congresso.
A noção de povo é a chave para entender esses
novos movimentos. A alegação básica deles é que representam todo o povo, e não
apenas uma classe, na luta contra um Estado visto como corrupto. Isso os
diferencia dos movimentos antiglobalização, que reuniam minorias e tinham um
espírito global.
Esses novos movimentos são nacionais, dirigem
suas reivindicações a cada país. Isso fica claro numa frase que foi muito usada
nos cartazes brasileiros: "Desculpe o transtorno, estamos construindo um
novo país."
Redes sociais como o Facebook têm papel
importante nessas mobilizações. O que elas mudam no jogo político?
A ascensão das redes sociais permite que a
sociedade se organize de forma mais difusa, especialmente as classes médias
emergentes e a juventude das cidades. Isso desorientou os políticos e os velhos
partidos, que estavam acostumados a buscar consensos através dos meios de
comunicação de massa.
Os partidos têm pouco a fazer diante das novas
formas de comunicação mediadas pelas redes sociais. A não ser que mudem
completamente as suas práticas, baseadas no velho sistema de quadros e caciques
locais, e se abram para novas formas de participação popular.
No Brasil, militantes com bandeiras de partidos
foram expulsos de vários protestos.
Isso é muito comum nesses movimentos, porque os
manifestantes querem ser vistos como uma onda única. No Egito, os militantes de
partidos também foram impedidos de mostrar suas bandeiras na praça. Só
permitiam o uso da bandeira nacional.
Como eles dizem representar toda a nação, são
contra todos os elementos que podem dividir as pessoas na luta contra um
inimigo comum, representado pelo aparato repressivo do Estado.
Em geral, eles dizem que não há ideia de
esquerda ou de direita, o que existe são ideias boas e ideias ruins. Sonham com
uma política sem partidos políticos.
Qual é o significado disso?
É um discurso populista. Isso emerge em alguns
momentos na história que Antonio Gramsci [1891-1937] chamava de
"interregnum". É quando um sistema de poder está em colapso, mas seu
sucessor ainda não se formou.
Nesses momentos, aparecem o que Gramsci chamava
de sintomas mórbidos. Fenômenos estranhos, criaturas monstruosas e difíceis de
serem decifradas. Hoje, as criaturas estranhas são esses movimentos populares.
Para eles, a classe política rompeu o contrato
social que sustenta o sistema representativo. O acordo era: Vocês, o povo, nos
concedem o poder. Em troca, nós atendemos às suas demandas'. Agora, as pessoas
percebem que a classe política só está atendendo à sua própria agenda.
Há um problema fundamental na democracia
representativa como ela existe hoje. Ou os partidos encontram um caminho para
reconquistar legitimidade, ou vão ser superados por novos partidos sintonizados
com as demandas da sociedade pós-industrial de hoje.
A crítica à partidocracia é legítima. Por outro
lado, às vezes parece haver nos movimentos uma crença quase religiosa de que é
preciso eliminar todas as mediações.
Em que sentido?
Eles parecem ter a ilusão de que a solução é
eliminar os partidos, os sindicatos. Essa ideia em si é muito problemática e
ingênua. É uma ideia religiosa, absolutista, que compete com a democracia. A
política é uma obra coletiva, não um agregado de indivíduos. São blocos diferentes
que interagem. Para isso, você precisa dos partidos. Eles sempre existiram e
sempre vão existir.
Este sentimento contra os partidos pode ameaçar
a democracia como a conhecemos?
Existe um risco. Os momentos de
"interregnum" oferecem bifurcações. Estamos num momento de crise
sistêmica mundial. O Brasil está melhor que outros países, mas também está
desacelerando. Nesses momentos, podem emergir forças progressistas ou
reacionárias. É preciso ver se a esquerda vai saber interpretar o espírito do
tempo ou se vai adotar uma postura defensiva.
Há uma demanda correta por renovação moral, mas
setores mais reacionários podem explorá-la para fins antidemocráticos. A ideia
de que a política tem que buscar "o bem" é ingênua, representa uma
visão em preto e branco. Maquiavel dizia que o caminho para o inferno é
pavimentado de boas intenções.
Como os protestos afetam a esquerda brasileira,
que está há 10 anos no poder com o PT?
Em tese, o que está sendo cobrado no Brasil não
precisaria estar sendo cobrado de um governo do PT. As pessoas estão pedindo
escolas, hospitais. Para um governo de esquerda, é constrangedor estar sendo
pressionado com pedidos de coisas que ele já devia estar fazendo.
O aumento da tarifa dos ônibus não foi tão
grande, mas se tornou um símbolo de outros problemas. Foi a gota que fez o copo
transbordar.
Há outro problema. Os governos do PT
proporcionaram muitos avanços na área social, mas os casos de corrupção,
clientelismo e compra de votos minaram a legitimidade moral do partido.
Também há um problema de representação. O PT foi
criado para representar os metalúrgicos das fábricas. Nós agora vivemos numa
sociedade pós-industrial. Há uma nova classe média cheia de designers e
trabalhadores criativos, por exemplo, e eles não têm uma rede de proteção que
os atenda. Há uma mudança histórica, mas os partidos e sindicatos tradicionais
não têm demonstrado capacidade para entendê-la.
Na tentativa de responder aos protestos, a
presidente Dilma Rousseff já propôs uma constituinte exclusiva e um plebiscito
para fazer a chamada reforma política. Isso é suficiente?
Eu duvido que as promessas de Dilma sejam
suficientes para acalmar a ira popular. Ela pode atender a pedidos específicos,
mas a essência das manifestações vai além de demandas concretas. A luta principal
é por uma nova forma de democracia, na qual os partidos não poderão mais lidar
com os cidadãos apenas de quatro em quatro anos.
A solução para isso seria uma mudança
constitucional ampla, bem além da que Dilma propõe. É preciso abrir espaço a
novas formas de controle popular sobre os políticos, mais transparência contra
a corrupção, novos instrumentos de democracia direta e consulta popular.
As manifestações no Brasil esfriaram nos últimos
dias. Com base no que aconteceu em outros países, elas estão fadadas a
desaparecer?
Devido à ausência de uma estrutura formal, esses
novos movimentos populares tendem a sumir com a mesma velocidade com que
aparecem. É impossível manter uma mobilização de massa a longo prazo, como se
viu nos indignados da Espanha ou no Occupy Wall Street.
Mas, assim como aconteceu lá, é de se apostar
que o outono brasileiro' vai ressurgir em novas ondas e novas formas. Estamos
vivendo tempos revolucionários, em que as pessoas voltaram a sentir que podem
mudar o mundo. Veja o que está acontecendo agora no Egito.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/117886-objetivo-de-manifestacoes-e-nova-forma-de-democracia.shtml
terça-feira, 2 de julho de 2013
42 - As Jornadas de Junho (Parte VI)
Pessoal, segue parte de um texto de Marilena Chaui,
professora de Filosofia da USP, sobre as manifestações das últimas semanas. O
seu foco é a cidade de São Paulo (mergulhada em uma série de problemas que ela
chamou de "inferno urbano"), mas o trecho que destaquei serve também para
os demais protestos no Brasil.
Nas décadas de 1970 a 1990, as
organizações de classe (sindicatos, associações, entidades) e os movimentos
sociais e populares tiveram um papel político decisivo na implantação da democracia
no Brasil pelos seguintes motivos:
1. introdução da ideia de direitos sociais, econômicos
e culturais para além dos direitos civis liberais;
2. afirmação da capacidade auto-organizativa da
sociedade;
3. introdução da prática da democracia
participativa como condição da democracia representativa a ser efetivada pelos
partidos políticos.
Numa palavra: sindicatos, associações,
entidades, movimentos sociais e movimentos populares eram políticos, valorizavam a
política, propunham mudanças políticas e rumaram para a criação de partidos
políticos como mediadores institucionais de suas demandas. Isso quase
desapareceu da cena histórica como efeito do neoliberalismo (sic), que produziu:
1. fragmentação, terceirização
e precarização do trabalho (tanto industrial como de serviços) dispersando a
classe trabalhadora, que se vê diante do risco da perda de seus referenciais de
identidade e de luta;
2. refluxo dos movimentos
sociais e populares e sua substituição pelas ONGs, cuja lógica é distinta
daquela que rege os movimentos sociais;
3. surgimento de uma nova
classe trabalhadora heterogênea, fragmentada, ainda desorganizada e que por
isso ainda não tem suas próprias formas de luta e não se apresenta no espaço
público e que por isso mesmo é atraída e devorada por ideologias
individualistas como a “teologia da prosperidade” (do pentecostalismo) e a
ideologia do “empreendedorismo” (da classe média), que estimulam a competição,
o isolamento e o conflito inter-pessoal, quebrando formas anteriores de sociabilidade
solidária e de luta coletiva.
Erguendo-se contra os efeitos
do inferno urbano, as manifestações guardaram da tradição dos movimentos
sociais e populares a organização horizontal, sem distinção hierárquica entre
dirigentes e dirigidos. Mas, diversamente dos movimentos sociais e populares, tiveram
uma forma de convocação que as transformou num movimento de massa, com milhares
de manifestantes nas ruas.
O pensamento mágico
A convocação foi feita por
meio das redes sociais. Apesar da celebração desse tipo de convocação, que
derruba o monopólio dos meios de comunicação de massa, entretanto é preciso
mencionar alguns problemas postos pelo uso dessas redes, que possui algumas
características que o aproximam dos procedimentos da mídia:
1. é indiferenciada: poderia
ser para um show da Madonna, para uma maratona esportiva, etc. e calhou ser por
causa da tarifa do transporte público;
2. tem a forma de um evento,
ou seja, é pontual, sem passado, sem futuro e sem saldo organizativo porque, embora
tenha partido de um movimento social (o MPL), à medida que cresceu passou á
recusa gradativa da estrutura de um movimento social para se tornar um
espetáculo de massa. (Dois exemplos confirmam isso: a ocupação de Wall Street
pelos jovens de Nova York e que, antes de se dissolver, se tornou um ponto de atração
turística para os que visitavam a cidade; e o caso do Egito, mais triste, pois
com o fato das manifestações permanecerem como eventos e não se tornarem uma
forma de auto-organização política da sociedade, deram ocasião para que os
poderes existentes passassem de uma ditadura para outra);
3. assume gradativamente uma
dimensão mágica, cuja origem se encontra na natureza do próprio instrumento
tecnológico empregado, pois este opera magicamente, uma vez que os usuários
são, exatamente, usuários e, portanto, não possuem o controle técnico e
econômico do instrumento que usam – ou seja, deste ponto de vista, encontram-se
na mesma situação que os receptores dos meios de comunicação de massa. A dimensão
é mágica porque, assim como basta apertar um botão para tudo aparecer, assim
também se acredita que basta querer para fazer acontecer. Ora, além da ausência
de controle real sobre o instrumento, a magia repõe um dos recursos mais profundos
da sociedade de consumo difundida pelos meios de comunicação, qual seja, a ideia
de satisfação imediata do desejo, sem qualquer mediação;
4. a recusa das mediações
institucionais indica que estamos diante de uma ação própria da sociedade de
massa, portanto, indiferente à determinação de classe social; ou seja, no caso presente,
ao se apresentar como uma ação da juventude, o movimento assume a aparência de
que o universo dos manifestantes é homogêneo ou de massa, ainda que, efetivamente,
seja heterogêneo do ponto de vista econômico, social e político, bastando
lembrar que as manifestações das periferias não foram apenas de “juventude” nem
de classe média, mas de jovens, adultos, crianças e idosos da classe trabalhadora.
No ponto de chegada, as
manifestações introduziram o tema da corrupção política e a recusa dos partidos
políticos. Sabemos que o MPL é constituído por militantes de vários partidos de
esquerda e, para assegurar a unidade do movimento, evitou a referência aos
partidos de origem. Por isso foi às ruas sem definir-se como expressão de
partidos políticos e, em São Paulo, quando, na comemoração da vitória, os militantes
partidários compareceram às ruas foram execrados, espancados, e expulsos como
oportunistas – sofreram repressão violenta por parte da massa. Ou seja,
alguns manifestantes praticaram sobre outros a violência que condenaram na
polícia.
A crítica às instituições
políticas não é infundada, mas possui base concreta:
1. no plano conjuntural: o
inferno urbano é, efetivamente, responsabilidade dos partidos políticos
governantes;
2. no plano estrutural: no
Brasil, sociedade autoritária e excludente, os partidos políticos tendem a ser
clubes privados de oligarquias locais, que usam o público para seus interesses
privados; a qualidade dos legislativos nos três níveis é a mais baixa possível
e a corrupção é estrutural; como consequência, a relação de representação não
se concretiza porque vigoram relações de favor, clientela, tutela e cooptação;
3. a crítica ao PT: de ter
abandonado a relação com aquilo que determinou seu nascimento e crescimento, isto
é, o campo das lutas sociais auto-organizadas e ter-se transformado numa
máquina burocrática e eleitoral (como têm dito e escrito muitos militantes ao longo
dos últimos 20 anos).
Isso, porém, embora explique a
recusa, não significa que esta tenha sido motivada pela clara compreensão do
problema por parte dos manifestantes. De fato, a maioria deles não exprime em
suas falas uma análise das causas desse modo de funcionamento dos partidos
políticos, qual seja, a estrutura autoritária da sociedade brasileira, de um
lado, e, de outro, o sistema político-partidário montado pelos casuísmos da
ditadura. Em lugar de lutar por uma reforma política, boa parte dos
manifestantes recusa a legitimidade do partido político como instituição republicana
e democrática.
De fato, a maioria dos
manifestantes, reproduzindo a linguagem midiática, falou de ética na política
(ou seja, a transposição dos valores do espaço privado para o espaço público),
quando, na verdade, se trataria de afirmar a ética da política (isto é,
valores propriamente públicos), ética que não depende das virtudes
morais das pessoas privadas dos políticos e sim da qualidade das instituições
públicas enquanto instituições republicanas. A ética da política, no
nosso caso, depende de uma profunda reforma política que crie instituições
democráticas republicanas e destrua de uma vez por todas a estrutura deixada
pela ditadura, que força os partidos políticos a coalizões absurdas se quiserem
governar, coalizões que comprometem o sentido e a finalidade de seus programas
e abrem as comportas para a corrupção.
Ora, ao entrar em cena o
pensamento mágico, os manifestantes deixam de lado que, até que uma nova forma
da política seja criada num futuro distante quando, talvez, a política se
realizará sem partidos, por enquanto, numa república democrática (ao contrário
de uma ditadura) ninguém governa sem um partido, pois é
este que cria e prepara quadros para as funções governamentais para
concretização dos objetivos e das metas dos governantes eleitos. Bastaria que
os manifestantes se informassem sobre o governo Collor para entender isso:
Collor partiu das mesmas afirmações feitas por uma parte dos manifestantes
(partido político é coisa de “marajá” e é corrupto) e se apresentou como um
homem sem partido. Resultado: a) não teve quadros para montar o governo, nem
diretrizes e metas coerentes e b) deu feição autocrática ao governo, isto é, “o
governo sou eu”. Deu no que deu.
Marilena Chaui. Texto completo em http://coletivodigital.org.br/images/arquivos/as_manifestacoes_de_2013_por_marilena_chaui.pdf
domingo, 23 de junho de 2013
41 - As Jornadas de Junho (Parte V)
Pessoal, um outro bom texto do jornalista Reinaldo Azevedo, do seu blog no site da Veja, sobre os protestos das últimas semanas.
Seguem trechos adaptados do texto original.
Não
posso, contra tudo aquilo que penso, assentir com práticas que, se
generalizadas e tornadas um norte politico, ético e moral, conduziriam o país a
um mal maior do que aquele que se propuseram a combater. Ainda que tais
procedimentos possam atingir em cheio figuras e partidos que execro, essa seria
uma batalha sem princípios — e é contra os meus princípios adotar os métodos
daqueles a quem combato. Eu não cultivo a humildade socrática e jamais diria
“só sei que nada sei”. Prefiro o que poderia ser, talvez, uma divisa
aristotélica: SÓ NÃO SEI O QUE NÃO SEI. O fato de eu, como toda gente —
incluindo governo e oposição —, não saber direito o que está em curso nem qual
será a forma do futuro não implica que eu deva esquecer o que sei. Entenderam?
O fato
de ignorarmos as causas exatas de um determinado fenômeno não pode nos levar a
nos colocar diante deles como uma tabula rasa, de sorte a nos deixar conduzir
pelo puro empirismo. O fato é que sei algumas coisas. Sei, por exemplo, que não
existe política fora da política. Sei, por exemplo, que não existe saída
civilizada fora da representação democrática. Sei, por exemplo, que a imposição
coletiva de descontentamentos individuais ou de grupos nem protege o
individualismo nem cria coletividades mais tolerantes. Sei, por exemplo, que os
oportunistas sempre se beneficiam da depredação dos valores institucionais. Só
não sei o que não sei. Mas sei o que sei.
Seria
tolo ignorar o que aprendi até aqui e me deixar arrastar pela voragem das ruas
contra as minhas convicções. E entendo, sim, por que muita gente boa se
entusiasma.
Eu,
que desconfio de coletivos e coletivismos; que repudio os aiatolás que se
arvoram em juízes do pensamento alheio; que sou um fanático da distinção entre
as esferas pública e privada da vida, eu não posso — e não vou — dar piscadelas
àqueles que acreditam que podem impor aos outros a sua vontade; que a rua,
qualquer rua, pode ser apropriada como espaço de reivindicação de maiorias ou
minorias que pretendem falar em nome da causa geral.
E eu
não tenho o menor receio de ser contra a maiorias. Nunca tive. Pesquisa Datafolha, segundo a Folha deste
domingo, aponta que 66% dos paulistanos acham que manifestações de rua devem
continuar; 34% acham que não. Que elas continuem, aprovo. Que tomem qualquer
via pública, quando der na cabeça das lideranças, aí não. Nesse caso,
estou com os 34%. Eu acho
que o mundo será melhor quanto mais pudermos, cada um de nós, cuidar de nossa
própria vida e da vida da nossa família. “Então não existem demandas públicas,
Reinaldo?” Existem! Por isso existe a praça. Segundo o Datafolha, 78% dos
paulistanos apoiam a ocupação da Paulista. É? Pois eu estou com os 28%, então.
Não posso negar o que sei. E EU SEI QUE NEM MESMO AS MAIORIAS TÊM O DIREITO DE
CASSAR O DIREITO CONSTITUCIONAL DE IR E VIR. E se todos aqueles que tiveram
algo a dizer ou alguma demanda a apresentar ao estado decidirem fazer o mesmo?
Qual é o limite? Quem esses juízes do espaço público acatam como juiz? “Ah, mas
o direito de se expressar e se reunir também está na Carta!” Eu sei e apanhei
bastante para conquistá-lo. Reitero: a praça está à disposição. Por mim, o Vale
do Anhangabaú, por exemplo, pode ficar reservado só para manifestações.
Aí eu
vou lá levar o meu cartaz. Erguerei um contra a corrupção, contra a PEC 37,
contra o eventual esforço de transformar o julgamento do mensalão num pastelão,
contra a inércia do Congresso, contra a incompetência no gerenciamento da
saúde, contra a morte da Baleia (a cadela de “Vidas Secas”), contra comida
japonesa, contra o Bolero de Ravel, contra a vírgula entre sujeito e predicado,
contra o risco de que as orações subordinadas sejam extintas em nossa imprensa…
Eu tenho demandas imensas.
Mas não me peçam…
Mas não me peçam para aplaudir, porque não vou, uma onda que professa seu ódio à política sob o pretexto de que pretende melhorá-la. Não me encanta, de modo nenhum!, esse ataque generalizado à política como morada exclusiva da falta de ética e da ladroagem. Exclusiva não é. Mas isso também não resolve, é claro. Basta que seja para merecer um protesto. Mas, então, que se melhore a política, ora!
Mas não me peçam para aplaudir, porque não vou, uma onda que professa seu ódio à política sob o pretexto de que pretende melhorá-la. Não me encanta, de modo nenhum!, esse ataque generalizado à política como morada exclusiva da falta de ética e da ladroagem. Exclusiva não é. Mas isso também não resolve, é claro. Basta que seja para merecer um protesto. Mas, então, que se melhore a política, ora!
Nos protestos havidos em Brasília, havia muita
gente gritando contra Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, por
exemplo. Mas é de uma estupidez sem par chamar de pacífica uma manifestação que
toma o teto do Congresso, com cartazes convertidos em tochas. Eu não seria eu
se não escrevesse tudo. E, então, vou escrever tudo: se o diabo me obrigasse a
escolher entre a democracia que temos, com Renan Calheiros lá, sendo quem é, e
os que acreditam que podem sapatear sobre o teto do Parlamento, eu teria de
escolher Renan. O motivo é muito simples: no sistema que temos, eu, ao menos,
posso escrever o que penso sobre o presidente do Senado… Escrevi contra as
manifestações e recebi centenas de ameaças de morte e espancamento. “A culpa
não é dos milhares que se manifestam!” Nem eu estou dizendo que seja. Mas é
preciso, sim, cuidar dos sentimentos que a gente mobiliza quando faz
determinadas reivindicações.
O ódio à política — e, não há como negar, há uma
parte da imprensa encantada com isso (vou escrever a respeito; lembrem-se que
esta é apenas a primeira parte deste texto) — nos conduz a formas pré-políticas
de resolução de conflitos: ou à guerra de todos contra todos ou à má política.
Em seu péssimo pronunciamento, a presidente Dilma anunciou a disposição de
levar para o Palácio do Planalto os tais movimentos sociais. Como serão usados?
Serão tratados como supostos representantes do povo, numa espécie de “by pass”
no Congresso? Com que legitimidade? Eu não quero uma democracia tutelada por
conselhos populares, formados por pessoas que outorgam a si mesmas o poder da
representação.
Encerro dando uma pista do que virá na parte 2.
Anotem aí: dez anos de ataque sistemático à ordem constituída por meio da
depredação de instituições e valores — Congresso, Judiciário, imprensa,
Polícia, Forças Armadas — não poderiam resultar numa coisa muito boa.
Texto integral em http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
40 - As Jornadas de Junho (Parte IV)
Pessoal, segue uma reportagem do
G1 com diversas análises sobre os
protestos das últimas semanas.
Atos são maior
mobilização sem líder da história brasileira, dizem analistas
Na quinta, 1,25 milhão
protestaram nas ruas em mais de 100 cidades.
Especialistas ouvidos pelo G1 buscam explicações para manifestações.
Especialistas ouvidos pelo G1 buscam explicações para manifestações.
Os protestos que se espalharam por quase todos
os estados do Brasil na quinta-feira (20) representaram a mais ampla e numerosa
mobilização popular do país sem liderança definida e, de acordo com dois
sociólogos, uma historiadora, um filósofo, dois antropólogos, um advogado e um
juiz ouvidos pelo G1, ainda não é possível dizer qual rumo tomarão.
Com mais de 1,25 milhão de pessoas tomando as
ruas de mais de 100 cidades, com 300 mil apenas no Rio de Janeiro, os atos
comemoraram a redução da tarifa do transporte coletivo em cidades importantes e
reivindicaram outras melhorias para o país, como o combate à corrupção e à
repressão policial, investimentos na saúde e na educação e a redução de gastos
com os grandes eventos esportivos, Copa e Olimpíada.
Para os especialistas, ainda é cedo para prever
as consequências de longo prazo dos atos de quinta. Mas, segundo eles, um
caráter inédito dessa mobilização popular é a insatisfação geral dos
brasileiros com as instituições que os representam e com os partidos políticos
que as comandam.
Segundo Márlon Reis, juiz de direito no Maranhão,
cofundador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e um dos
idealizadores da Lei da Ficha Limpa, o Brasil mudou nesta semana. "Já tem
algo inédito que é a ida às ruas sem a liderança de instituições constituídas.
Historicamente, foram os partidos que sempre conseguiram levar pessoas às
ruas."
A antropóloga Yvonne Maggie, professora da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e colunista do G1, afirmou
que "o Brasil se transformou em uma espécie de motim. É protesto, mas num
estilo sem liderança, numa visão até romântica. As manifestações partem de
grupos variados, com várias estratégias”.
As bandeiras e a participação individual, com
rejeição a qualquer tipo de liderança, chamaram a atenção de Yvonne. “Era cada
cartaz um post, cada post um indivíduo. Mas o que mais me impressionou foi a
consciência de que todas as pessoas que estavam lá estão tendo a força do povo
revoltado, eles não querem liderança.”
Segundo a historiadora Maria Aparecida de Aquino, da
Universidade de São Paulo (USP), em termos de quantidade de pessoas na rua
aglomeradas, o movimento maior do Brasil ainda é o das Diretas Já, quando um
comício reuniu um milhão de pessoas apenas no Anhangabaú, em São Paulo. Porém,
ela afirma que o movimento atual é novo no sentido de como se organiza. "O
chamado se faz pela internet e as pessoas aceitam o chamado pela internet e
entram no movimento."
Enquanto governos calculavam prejuízos, manifestantes avaliavam os protestos e familiares
enterravam os dois mortos dos atos de quinta, em Ribeirão Preto (SP) e Belém, novos protestos continuavam a eclodir nesta
sexta-feira (21). Para Frederico Almeida, coordenador do curso de direito
da FGV, pode-se falar em dois movimentos: o primeiro, motivado pelas tarifas, e
um segundo momento, em que mais pessoas aderiram motivados por uma insatisfação
geral, principalmente após a repressão da polícia. "O que estamos vendo
hoje é uma mistura de algum resquício de um movimento pela tarifa, que em algumas
cidades ainda não se resolveu, com um movimento de insatisfação geral."
Para Claudio Couto, sociólogo e professor da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), os episódios registrados nas ruas têm deixado analistas e
a classe política confusos e perplexos, o que, na avaliação dele, fez com que a
presidente Dilma Rousseff não viesse a público na quinta e deixasse seu pronunciamento apenas para esta sexta.
"Está todo mundo muito perdido, imagino que ela também esteja. Daí decorre
que ela precisa vir a público sabendo o que dizer. Se ela erra o tom do que diz
pode gerar mais ruído ainda. Eu interpretaria esse silêncio de uma dificuldade
de definir exatamente o que deve ser dito a partir de agora", disse Couto,
na tarde desta sexta, antes de o pronunciamento de Dilma ir ao ar.
Vitórias dos manifestantes
Demanda inspiradora dos atos, a redução da tarifa do transporte público foi atendida após duas semanas de protestos e confrontos nas ruas por prefeitos e governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e mais de dez cidades. A persistente pressão popular fez com que o discurso dos governantes mudasse. Fernando Haddad e Eduardo Paes, prefeitos de São Paulo e Rio, e Geraldo Alckmin e Sérgio Cabral, governadores dos dois estados, que no início do mês descartavam qualquer revogação do reajuste, sob pretextos de que eles eram tecnicamente impossíveis, recuaram na noite de quarta-feira (19) e atenderam à demanda.
Demanda inspiradora dos atos, a redução da tarifa do transporte público foi atendida após duas semanas de protestos e confrontos nas ruas por prefeitos e governadores de São Paulo, Rio de Janeiro e mais de dez cidades. A persistente pressão popular fez com que o discurso dos governantes mudasse. Fernando Haddad e Eduardo Paes, prefeitos de São Paulo e Rio, e Geraldo Alckmin e Sérgio Cabral, governadores dos dois estados, que no início do mês descartavam qualquer revogação do reajuste, sob pretextos de que eles eram tecnicamente impossíveis, recuaram na noite de quarta-feira (19) e atenderam à demanda.
O engenheiro civil Lúcio Gregori, que foi secretário
municipal de Transporte de São Paulo na gestão da ex-prefeita Luiza Erundina, a
recapitulação das prefeituras mostra que não só a redução era possível.
"Isso é tudo um pouco de catimba, como a gente chama no futebol",
afirmou ele.
"Admitindo que todas as contas de cálculo
tarifário estejam certas, então isso é questão de remanejamento de verbas,
coisa corriqueira numa administração pública. A Prefeitura de São Paulo tem
manobra orçamentária, pode remanejar até 15% da verba. Não pode tirar de coisas
importantes, mas pode tirar, por exemplo, da verba publicitária. O que não
precisa é ameaçar como se fosse uma punição."
Em meio às manifestações, outros governantes
decidiram dar mais ouvido às demandas relacionadas ao transporte e a outras
áreas sociais. Em Macapá e Belém, prefeitos aceitaram receber líderes dos
protestos para falar sobre as tarifas. Na capital do Amapá, além da passagem
congelada até 2014, o prefeito prometeu um estudo para implantar uma linha de
ônibus 24 horas, implantação do bilhete único até o fim do ano, aumentar a
frota de ônibus e construir três terminais.
Em São Paulo, nesta sexta-feira o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou o financiamento de R$ 2,3 bilhões para a expansão do metrô.
No Paraná, o governador Beto Richa desautorizou o reajuste de 14,61% na conta de luz.
No governo federal, o Ministério da Saúde encaminhou ao Congresso, em caráter
de urgência, um projeto de lei que perdoa as dívidas tributárias das Santas Casas com a União.
Alagoas anunciou redução de IPVA para ônibus e
ICMS sobre o combustível para que as empresas mantenham os preços.Em Campo
Grande, a Câmara suspendeu o café da manhã reforçado polêmico que era oferecido
aos vereadores. E, a exemplo da capital paulista, em Maringá (PR) deverá ser
criada uma CPI do transporte coletivo. Apesar das manifestações, não houve
mudanças em alguns estados como Bahia, Ceará, Roraima, Rondônia, Piauí e
Maranhão.
Para Frederico Almeida, da FGV, a meta do Movimento
Passe Livre (MPL) foi atingida porque o grupo desenvolveu uma pauta, constituiu
um interlocutor e trabalhou para conseguir o que queria. Agora, as demais
reivindicações são genéricas, superficiais e não há uma liderança definida
para, por exemplo, definir a meta de quem é contra a corrupção e responder a
essas pessoas. "Há dois riscos desse tipo de movimento mais difuso. Um é
ele se esvaziar porque na verdade é uma conversa de muita gente falando ao
mesmo tem sem um interlocutor definido. O segundo é isso se acirrar como uma
incapacidade de diálogo das manifestações com o sistema político. Se de repente
cria um descolamento total desse sistema com o povo que está na rua, a gente
corre um risco de perder a nossa democracia.”
A violência da Polícia Militar
Os especialistas afirmam que parte da motivação das centenas de milhares de pessoas que decidiram aderir aos movimentos foram as imagens da força excessiva aplicada pela Polícia Militar de São Paulo para dispersar o ato do dia 13 de junho, que deixou dezenas de feridos, inclusive mais de dez jornalistas. Após esse protesto, as balas de borracha foram proibidas nas manifestações populares. Nas manifestações da última quinta, pelo menos oito cidades tiveram confrontos com a polícia que deixaram mais de 200 feridos. Nesta sexta, a postura policial virou alvo de escrutínio em cidades como Porto Alegre e Salvador.
Os especialistas afirmam que parte da motivação das centenas de milhares de pessoas que decidiram aderir aos movimentos foram as imagens da força excessiva aplicada pela Polícia Militar de São Paulo para dispersar o ato do dia 13 de junho, que deixou dezenas de feridos, inclusive mais de dez jornalistas. Após esse protesto, as balas de borracha foram proibidas nas manifestações populares. Nas manifestações da última quinta, pelo menos oito cidades tiveram confrontos com a polícia que deixaram mais de 200 feridos. Nesta sexta, a postura policial virou alvo de escrutínio em cidades como Porto Alegre e Salvador.
"A polícia agiu massacrando manifestantes
pacíficos e atuando de forma indiscriminada", avaliou Claudio Couto, da FGV. "Isso
gerou uma reação que resultou na manifestação de segunda-feira que propiciou o
engrossamento do movimento –o que, a princípio, foi uma grande vitória."
Professor de sociologia da Universidade Federal
do Rio de Janeiro (UFRJ) e diretor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais
(IFCS), Marco
Aurelio Santana afirma que a postura do Estado está sendo
questionada, pela forma pouco preparada ou violenta como age.
"Temos de estar todos preocupados. Eles querem tirar pessoas da mobilização social, isso é um problema para todos porque é a liberdade que está em jogo. A manifestação tem sido um cartaz contra o aborto, outro pró-aborto. É preciso entender também que não há democracia sem essas instituições, se não pode haver uma crise de proporções nunca vistas. Esse grupo mistura torcidas organizadas, skinheads, verdadeiras milícias fascistas. Quando você tira um, você tira todo mundo. Nem a polícia pode agir desta forma.”
"Temos de estar todos preocupados. Eles querem tirar pessoas da mobilização social, isso é um problema para todos porque é a liberdade que está em jogo. A manifestação tem sido um cartaz contra o aborto, outro pró-aborto. É preciso entender também que não há democracia sem essas instituições, se não pode haver uma crise de proporções nunca vistas. Esse grupo mistura torcidas organizadas, skinheads, verdadeiras milícias fascistas. Quando você tira um, você tira todo mundo. Nem a polícia pode agir desta forma.”
A nova geração de protestos
Ricardo Monteagudo, professor de filosofia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília, chamou a atenção para o papel da internet e das redes sociais nos protestos.
Ricardo Monteagudo, professor de filosofia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Marília, chamou a atenção para o papel da internet e das redes sociais nos protestos.
"Todo mundo foi pego de surpresa: os
organizadores, os líderes políticos, a população em geral. A impressão que dá é
que não conseguíamos mensurar certa insatisfação espalhada no ar e que emergiu
de uma hora para outra.”
As múltiplas e individuais bandeiras também
foram a novidade percebida pelo antropólogo inglês e professor emérito da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Peter Fry.
“O interessante é que cada um coloca suas
próprias queixas naquilo que vê. É uma espécie de insatisfação generalizada,
como muitos têm dito. Está tudo em cartazes amadores, escritos à mão”, diz.
“É uma explosão de insatisfação, sem liderança.
Nunca vi neste país do futebol as pessoas abrirem mão da Copa a favor da
educação e da saúde. As pessoas recusando pão e circo pelas coisas que acham
mais importante”, explicou o antropólogo.
Marco
Aurelio Santana, também da UFRJ,
afirma, porém, que é preciso também repensar os limites de um movimento com
muitas bandeiras, contraditórias, algumas que se anulam entre si.
"Minha preocupação hoje é com um foco de
que há reação compreensível com o desgaste dos partidos, dos sindicatos, até
clichê, quase óbvio. Minha preocupação é que esse sentimento tenha se tornado
tão claro para grupos para se espancar filiados a alguns partidos."
A reação dos políticos
O protesto em Brasília reuniu cerca de 60 mil pessoas na quinta-feira e passou pelo Palácio do Planalto atrás da presidente Dilma Rousseff.
O protesto em Brasília reuniu cerca de 60 mil pessoas na quinta-feira e passou pelo Palácio do Planalto atrás da presidente Dilma Rousseff.
A mandatária, porém, deixou o local e sua única
atitude pública foi convocar uma reunião com ministros para a manhã desta
sexta-feira (21). Após o encontro, ela não deu declarações, mesmo após pedidos
da população e dos parlamentares, e marcou um pronunciamento
para a noite.
Para Claudio Couto, da FGV, "ela certamente não
está ainda conseguindo saber o que dizer".
Além de Dilma, chefes do Executivo de diversas
cidades e estados também tentam se adaptar ao novo tom de voz da população.
Direta ou indiretamente ligadas aos protestos, alguns projetos de lei e
decisões avançaram ou foram adiadas de acordo com as reivindicações das ruas. Uma
das decisões do Congresso foi adiar a votação da PEC 37, antes agendada para a
semana que vem. A proposta retira poder de investigação criminal do Ministério
Público e é conhecida como "PEC da Impunidade". O projeto que
flexibilizaria a Lei da Ficha Limpa também saiu da pauta.
Para o juiz Márlon Reis, essas duas decisões são efeito
imediato dos movimentos, que também devem servir para que a reforma política
seja fortalecida.
“Isso deve implicar em outras mudanças porque,
se os líderes institucionais forem sábios, em vez de levar suas bandeiras pra
dentro desses movimentos, de tentar encontrar interlocutores para se negociar,
eles vão ter que ouvir o que estão dizendo. A postura dos líderes tem que ser
de humildade. Essas vozes todas traduzem expressões do que pensa a maioria da
sociedade”, afirma.
Segundo ele, esses movimentos são resultado do
aumento da exclusão, de uma falência no sistema eleitoral e de representação.
“Os primeiros atos que ocuparam prédios públicos
foram voltados ao parlamento, assembleias, Congresso Nacional. É muito
simbólico isso. Gostaríamos de estar representados. E essa contínua falta de
sermos ouvidos só aumenta a indignação”, afirma.
“Isso veio se acumulando. Teve a escolha do
Feliciano, escândalos, CPI do Cachoeira que foi arquivada com um relatório
lacônico. É uma tática de varrer lixo para debaixo do tapete. E tudo isso na
verdade, é o contrário, isso vai gerando uma energia contida, que uma hora
explode.”
Para Frederico Almeida, professor da FGV, os partidos e
o sistema político precisam se reinventar. "Eles têm que abrir
canais para receber essas demandas e dar encaminhamento a elas. Cabe ao sistema
político identificar essas pautas e promover uma agenda, uma discussão aberta.
Agora é o momento que o sistema político tem que reagir. E tá demorando pra
reagir.”
A visão do Brasil no mundo
A proporção que os protestos tomaram, e a violência com que eles foram reprimidos nos primeiros dias, também chamaram a atenção da imprensa internacional. Acostumado nos últimos tempos a figurar nos jornais do exterior com notícias da Copa das Confederações e dos preparativos para a Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016, o Brasil entrou na lista de países com revoltas populares expressivas e ganhou protestos de apoio em dezenas de cidades estrangeiras.
A proporção que os protestos tomaram, e a violência com que eles foram reprimidos nos primeiros dias, também chamaram a atenção da imprensa internacional. Acostumado nos últimos tempos a figurar nos jornais do exterior com notícias da Copa das Confederações e dos preparativos para a Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016, o Brasil entrou na lista de países com revoltas populares expressivas e ganhou protestos de apoio em dezenas de cidades estrangeiras.
Antropólogo inglês e professor emérito da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Peter Fry afirma que os protestos mudaram a visão
que o mundo tem sobre as dificuldades que se enfrentam no país.
"Toda a propaganda do Brasil lá fora era no
sentido oposto, de que tudo estava melhor e bem por aqui. Acho que deve ter
mudado. Devem estar se perguntando como o Brasil vai se justificar."
Segundo ele, o resto do mundo deve ter ficado
perplexo com os acontecimentos das últimas semanas. sobretudo porque o futebol
também foi mencionado pelos cartazes.
"Acho que a frase que pede padrão Fifa para
o país é genial, é genial pedir isso para educação e saúde. Porque tudo o que a
Fifa pediu, o país começou a fazer. Mostra que é uma questão de vontade, que se
quer pode fazer."
Maria
Aparecida de Aquino, professora da USP, a repercussão internacional foi a altura do
movimento.
"Ela demonstrou o que é que o movimento tem
de importante para a realidade nacional. Eles reagiram muito claramente dizendo
‘é um movimento significativo, as pessoas precisam estar atentas’. A reação
internacional mostrou mais que a reação interna esse sentido de urgência que o
movimento dá."
SOCIÓLOGO DIZ QUE MOBILIZAÇÃO E ATO DO RIO FORAM HISTÓRICOS
O ato que reuniu cerca de 300 mil pessoas na noite de quinta-feira (20), no Centro do Rio, vai ficar na história da cidade, segundo o sociólogo Ignácio Cano, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Primeiro por agregar participantes de todas as idades, raças, classes, credos e ideologias. Depois por ter conquistado uma de suas principais reivindicações. Mas, segundo o sociólogo, principalmente por demonstrar o peso que as redes sociais têm para o mundo tudo, inclusive o Rio de Janeiro.
“O Rio já foi palco de outras grandes mobilizações, como a promovida pelos royalties do petróleo. Mas esta foi de iniciativa dos jovens e não teve a participação de sindicatos, partidos políticos ou organismos de classe. E mostrou uma força muito grande, mesmo. O movimento, que teve como principal bandeira a redução das tarifas de ônibus, conquistou seu objetivo explícito.” Cano se disse impressionado com o grau de mobilização e organização obtido pelo ato. E destacou a tendência mundial de utilização das redes sociais para expressar a vontade da população.
“Antes era imprescindível a participação de partidos políticos, organismos como sindicatos, para atingir e atrair tantas pessoas. As pessoas sozinhas não tinham uma capacidade assim tão grande, não tinham essa organização. As redes sociais mudaram essa percepção e causaram um impacto nas pessoas. Elas agora percebem que têm como expressar suas opiniões, seus desejos, suas reivindicações. Elas têm o direito de se colocar diante dos fatos”, analisou Cano, dizendo que essa é uma tendência mundial, que começou no Egito e se alastrou por vários cantos do mundo.
Para o sociólogo, as depredações e violência são praticadas por grupos radicais, que querem colocar o movimento sob suspeição.
"São pessoas que escondem o rosto e aproveitam a multidão para cometer atos criminosos, coisas que não teriam coragem de fazer se estivessem sozinhas. São pessoas que querem desacreditar o movimento, que querem desmobilizar a opinião pública, que com atos lamentáveis deixam a população com medo, o que faz com que elas coloquem os objetivos do grupo sob suspeita", lamentou o sociólogo.
PONTOS LEVANTADOS PELOS ANALISTAS
1- Protestos se destacam pela falta de liderança e pela mobilização pela internet
2- Motivação é insatisfação difusa: contra injustiças, corrupção, serviços ruins e falta de representatividade de partidos e instituições
3- Governos demoraram para reagir, em alguns casos por não entender a motivação
4- Imagem do Brasil mudou para o mundo
5- Tolerância à violência policial diminuiu
6- Pauta inicial era mais à esquerda e depois incluiu reinvidicações da direita
7- Não é possível prever efeitos a longo prazo
* Com reportagem de Alba Valéria Mendonça,
Ana Carolina Moreno, André Schröder, Giovana Sanchez, Rosanne
D'Agostino e Simone Cunha, do G1 em São
Paulo
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/06/atos-sao-maior-mobilizacao-sem-lider-da-historia-brasileira-dizem-analistas.html
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