domingo, 2 de março de 2014

49 - 2014: Ano da farsa ou da tragédia?


Meu comentário meio besta e talvez exagerado, nesse início de Carnaval, sobre coisas alheias aos festejos:

2014 será o ano da farsa ou da tragédia?

É possível? Logo no centenário da Primeira Guerra Mundial? Como é sabido, a guerra de 1914 foi precipitada por disputas territoriais e étnicas no Leste europeu entre a Áustria-Hungria, aliada da Alemanha, e a Sérvia, apoiada pela Rússia. No caso, o território disputado era a Bósnia-Herzegovina, anexada pelos austro-húngaros (1908) e reivindicada pela Sérvia. Uma solução diplomática e consensual para a "Questão da Bósnia" era difícil. O nacionalismo sérvio fomentava o iugoslavismo (ideal de unir os povos "eslavos do sul", que incluía os bósnios, para criar a Iugoslávia ou Grande Sérvia), enquanto a Áustria-Hungria buscava preservar o status de grande potência e a integridade do seu império multiétnico, o que limitava sua capacidade de fazer concessões. O assassinato do herdeiro do trono da Áustria-Hungria, Francisco Ferdinando, em 28 de junho de 1914 por um separatista bósnio pró-Sérvia causou uma crise internacional que rapidamente evoluiu para uma guerra generalizada entre as grandes potências europeias. Agora, em 2014, novamente estamos vendo uma disputa territorial e étnica no Leste europeu (disputa russo-ucraniana pela Criméia, nacionalismo antirrusso ucraniano, necessidade da Rússia de preservar ou mesmo ampliar o status de grande potência) ameaçando a paz no continente. Está ficando cada vez mais difícil para os dois lados (Rússia e Ucrânia) fazerem concessões. Não há como escapar das famosas palavras de Karl Marx, comentando Hegel: os fatos e personagens importantes da história ocorrem, sim, duas vezes, "mas a primeira como tragédia e a segunda como farsa". 2014 entrará na História como o ano da farsa ou da tragédia?